Chegamos ao mês de agosto e muitas empresas já se prepararam para realizar o orçamento de custos 2023.
Neste contexto, a energia elétrica se encontra entre os insumos mais importantes nas previsões orçamentárias, principalmente das grandes indústrias, onde o peso deste item varia entre 10% e 50% dos custos de produção.
Quando o assunto é energia elétrica, a questão se torna um pouco mais complexa. Várias rubricas, que compõe a conta para um consumidor, não dependem apenas de um “simples” reajuste inflacionário, principalmente quando se trata dos encargos setoriais, destinados a financiar o desenvolvimento do setor elétrico e incentivar políticas energéticas do Governo Federal.
Mas o que está por dentro da conta de energia?
Vamos falar um pouco da composição do custo de energia para um consumidor típico.
A tarifa de fornecimento de energia é composta pelas seguintes parcelas:
Cada rubrica que compõe a tarifa de fornecimento tem um reajuste específico, que varia de acordo com a distribuidora de energia local. Os custos que compõe essas rubricas dependem de reajustes inflacionários, variação do PLD, preço do gás natural e petróleo para usinas térmicas, entre outros.
As Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), se destinam a remunerar as distribuidoras e transmissoras de energia, e os encargos setoriais. Estas parcelas são pagas por todos os consumidores ligados ao sistema elétrico e suas tarifas são reguladas pela ANEEL com revisões anuais. Elas variam de acordo com o nível de tensão e a distribuidora de energia ao qual o consumidor está conectado.
A Tarifa de Energia (TE) remunera basicamente os geradores de energia e as perdas elétricas do sistema.
Para consumidores do mercado cativo, essa tarifa também é regulada pela ANEEL e seu preço, em grande parte, é proveniente dos grandes leilões de energia promovido pelo governo, onde as distribuidoras compram a energia dos geradores para repasse ao consumidor final.
Já os consumidores livres fazem contratos de energia bilaterais com comercializadores, definindo preços, prazos, flexibilidades e índices de reajuste.
Mas o que esperar das tarifas de energia em 2023?
De uma forma geral, o governo federal vem tentando de todas as formas amenizar a subida de preços de energia.
Medidas como a limitação da alíquota de ICMS (Lei complementar 194/22), devolução dos créditos de PIS_Confins sobre a base de cálculo do ICMS, e empréstimos feitos nos períodos de crise para salvar as distribuidoras (Conta COVID e escassez hídrica), venda da Eletrobrás com destinação de parte do dinheiro para redução de tarifa de energia para consumidores cativos, são algumas das ações do governo que tentam segurar o ímpeto dos aumentos das tarifas.
Abaixo faremos uma análise sobre como as parcelas de energia impactam os custos de consumidor médio porte industrial, tensão de fornecimento em 13,8kV localizado no Estado de Minas Gerais que está no Mercado Cativo CEMIG:
A parcela de Demanda possui a seguinte composição de custos:
Os quatro primeiros itens compõem a parcela de transporte de energia (Fio A), enquanto o Fio B, é a parcela que remunera as distribuidoras de energia. Podemos observar que a devolução do PIS_Cofins, representado no gráfico como CRED_TUSD, amenizou o aumento dessa parcela em 2022.
Abaixo no gráfico segue a expectativa da demanda para o ano de 2023:
Para 2023 a projeção é de aumento nessa parcela. O aumento do transporte de energia está indicando maior impacto para o próximo ano.
Já a parcela de Encargos Setoriais, possui a seguinte composição de custos:
Perdas técnicas e não técnicas, conta TUSD (empréstimos Conta Covid e escassez hídrica), CDE e PROINFA são maiores pesos que formam esta parcela. A devolução do PIS_Cofins, amenizou o aumento dessa parcela em 2022.
No gráfico abaixo, segue a expectativa da encargos setoriais para 2023:
A expectativa é de redução dessa parcela, por conta da redução de CDE e contratos do PROINFA.
Ressaltando que, o orçamento CDE é sempre de difícil previsibilidade e dependem em grande parte da conta de combustíveis fósseis, usada para remunerar geração térmicas nos sistemas isolados e dependem da variação de preços do gás natural e petróleo, e outras vontades políticas que dependem alguns setores da economia.
A tarifa de energia (TE) para o consumidor cativo, possui a seguinte composição de custos:
A maior parte da TE, é constituída da compra de energia dos leilões (Energia Revenda) pelas Distribuidoras.
Encargos de segurança do sistema (ESS) e energia de reserva (EER), também tem peso significativo na formação da TE para o consumidor cativo. Esta parcela é cobrada de forma distinta e contabilizada mensalmente para consumidores do mercado livre.
Observa-se que a devolução do PIS/Cofins e a receita proveniente da venda da Eletrobrás, trouxeram grande redução dessa parcela em 2022.
No gráfico abaixo, segue a expectativa da TE (horário fora ponta) para 2023:
A compra de energia das distribuidoras negociadas nos leilões apresenta tendência de queda, porém o aumento do ESS, por conta do despacho de usinas térmicas mais caras no período de crise hídrica, foi preponderante para a tendência de aumento dessa parcela para 2023.
Essa análise foi feita de forma generalista e varia pela localização do consumidor, tensão de fornecimento e regras das distribuidoras.
Para realizar o orçamento de energia, é preciso avaliar o impacto de reajuste de cada parcela nas unidades de consumo.
A GRID Energia possui toda a expertise necessária para apoio na análise de impactos dos reajustes aos seus clientes, utilizando uma plataforma para cálculo e projeções de tarifas de energia elétrica que reproduz as metodologias, normas e procedimentos definidos pela ANEEL.
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