Soluções para a Geração Distribuída com Microrredes

A Geração Distribuída está cada vez mais presente no dia a dia do Setor Elétrico Brasileiro (SEB), consumindo tempo e recursos para o desenvolvimento de soluções que permitam o melhor aproveitamento do novo modelo de geração e mitigando os riscos e perdas no Sistema Interligado Nacional (SIN) e nos sistemas de distribuição locais.

O SEB permite que haja intercâmbio de energia entre várias regiões, devido ao SIN gerido pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão responsável pelo planejamento de operação do sistema considerando dados do estado atual de armazenamento dos reservatórios, previsões de carga, análise de condições meteorológicas e Energia Natural Afluente (ENA).

Cargas no SIN

Nosso SIN segue o Programa Mensal de Operação (PMO) gerido pelo ONS. No programa é determinando quais usinas devem ser despachadas por ordem de mérito para o atendimento da carga, por isso é fundamental o conhecimento de todas alternativas de geração firmes, o custo e oportunidade, bem como as cargas inseridas de característica intermitente, ou seja, não despacháveis.

Nosso modelo atual do SEB está sendo constantemente submetido a adaptações devido à expansão da inserção de Recursos Energéticos Distribuídos (RED). Diferentemente de usinas hidrelétricas e termelétricas, eles inserem na matriz elétrica brasileira incertezas devido a sua característica de geração intermitente e não despachável.

Influência da Geração Distribuída

Por hora, ainda há baixa inserção de Geração Distribuída na rede, entretanto a previsão é de que a penetração seja cada vez mais elevada, exigindo aprimoramentos de ordem técnica e regulatória.

Compreendendo onde está inserida a temática da Geração Distribuída , a necessidade do planejamento do sistema para as características de operação e seus desafios toma tempo e pautas nos diversos órgãos ligados ao SEB. O grande desafio da ONS está em minimizar os impactos negativos e maximizar os ganhos da nova configuração de geração e carga no SIN.

A expectativa é de que o SEB se aproxime cada vez mais da configuração do sistema elétrico de países como Alemanha, Japão e Itália, onde a penetração de Geração Distribuída na matriz elétrica é muito maior. 

Alternativas para melhoria operativa do SIN

Destaca-se a relação entre Geração Distribuída e Microrrede (MR). As MR’s tratam-se da existência de diversas unidades de Geração Distribuída em uma mesma área. Existem ainda, as Multi Microredes, que podem ou não estar interconectadas.

Algumas das mudanças indicadas pelo MME são a necessidade de implementação de novas estruturas de controle, comunicação e transmissão de dados.

Além disso, mostra-se necessário alteração na regulação em relação aos excedentes de geração de um consumidor portador de Geração Distribuída (normalmente intitulado como prosumidor).

Atualmente, é utilizado um mecanismo chamado net metering, que permite a compensação da geração excedente via créditos a serem aplicados no consumo próprio.

Com o crescimento da Geração Distribuída, haverá alterações regulatórias que permitam ao consumidor a comercialização do excedente de energia com o mercado. As relações devem se dar através de contratos bilaterais com comercializadoras de energia que possuem representação frente a Câmara de Comercialização de Energia (CCEE).

Futuro dos despachos no SIN com Geração Distribuída

Ainda com uma visão futura, as unidades de Geração Distribuída permanecerão não sendo despacháveis pelo ONS, mas necessitariam entrar no planejamento de operação, uma vez que parte da carga já não necessitaria ser atendida pelas grandes unidades de geração. Para isso, o ONS deverá ter conhecimento da capacidade de geração de todas as unidades de Geração Distribuída conectadas à rede. Deverá também, deter uma ferramenta que permita a previsão de geração destas unidades de acordo com as condições climáticas nas áreas onde elas estão localizadas.

Para isso, o ONS deverá ter conhecimento da capacidade de geração de todas as unidades de Geração Distribuída conectadas à rede. A ferramenta deve permitir a previsão de geração destas unidades de acordo com as condições climáticas nas áreas onde elas estão localizadas.

Dessa maneira, o despacho das usinas conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), sejam de fontes convencionais ou renováveis, dependerá de todas as informações utilizadas atualmente. Deverá considerar a projeção de inserção de Geração Distribuída na rede e do fluxo de potência ótimo, que permita alcançar o menor custo de geração total.

Autora: Gabriela D. Araújo